Se entrou aqui é porque provavelmente coloca a si mesmo a hipotese de recorrer à ajuda de um psicólogo. Hoje em dia, procurar ajuda psicológica especializada acaba por fazer parte do quotidiano de muitas pessoas, pelo que é perfeitamente natural que em algumas fases da sua vida, crítica ou não, necessite de recorrer a um psicólogo. Não é vergonha alguma dizer que se anda num psicólogo, porque muitas vezes as potencialidades de nos sentirmos bem estão dentro de nós, nós é que não as vislumbramos.........



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Timidez e Ansiedade Social: Que diferenças?

Continuemos o nosso percurso sobre a ansiedade. Ontem deparei me com A. que me referia:

"Detesto ir a sítios onde sei que vou ter que falar com outras pessoas. Só consigo pensar que vou acabar por dizer ou fazer alguma coisa estúpida, e que as pessoas vão achar que sou esquisito. Geralmente começo a tremer e a transpirar, fico vermelho, a minha garganta seca e, quando tento falar, só me saem uns guinchos agudos e descontrolados...É horrível! Por causa disto, acabo por me fechar em casa e, quando tenho mesmo que «socializar», colo-me à pessoa que conheço melhor e sigo-a para todo o lado..."

O que é a ansiedade social?

  1. A maior parte das pessoas sente-se ansiosa em uma ou outra situação social (por exemplo, quando se vai efectuar a apresentação de um trabalho perante o resto da turma). Esta é uma situaçao em que a ansiedade é normal. Esta ansiedade é pontual e temporária, já que a pessoa faz a tal apresentação e segue com a sua vida, sendo que no inicio a pessoa poderá sentir-se ansiosa mas om o decorrer do tempo a ansiedade vai-se diluindo e a pessoa até se "esquece" que esteve ansioso. Mesmo uma pessoa que se considere tímida sente uma ansiedade relativamente pequena em muitas das situações em que tem mais dificuldade, e esta ansiedade não é suficientemente intensa para que evite sistematicamente essas situações.
  2. Por outro lado, existem pessoas que sentem uma ansiedade extrema num ou mais tipos de situação social, e esta prejudica de uma forma evidente o seu funcionamento, quer porque passa a evitar essas situações, quer porque as suporta, mas com grande sofrimento e desgaste pessoal. Nestes casos, considera-se que a pessoa sofre de uma perturbação de ansiedade social.
Por outras palavras, a diferença entre a timidez e a ansiedade social é semelhante à diferença entre a tristeza e a depressão – todas as pessoas se sentem tristes de vez em quando, mas nem todas ficam deprimidas.


A perturbação de ansiedade social aparece, geralmente, pelo meio da adolescência, emergindo por vezes de uma infância marcada pela timidez e prolongando-se, em muitos casos, por toda a vida. Os estudos existentes apontam para que seja mais frequente nas mulheres do que nos homens. É uma perturbação mais comum do que se pensa, e isto porque as pessoas com este problema tendem a passar despercebidas. Devido ao seu desconforto em situações sociais, o ansioso social limita-se a ficar calado e a «tornar-se invisível» e, também por causa desse desconforto, apresenta uma enorme dificuldade em procurar um profissional de saúde mental. Apesar de extremamente perturbante, é importante salientar que a ansiedade social não é um sinal de nenhuma doença física ou mental mais grave.


Situações problemáticas para o ansioso social


Falar com estranhos / conhecer pessoas.
Estar em sítios com muitas pessoas (cantinas, centros comerciais, bares, festas, repartições...).
Ser o centro das atenções (falar em público, ou ser alvo de uma piada).
Ser observado enquanto se faz qualquer coisa (escrever, falar ao telefone). 
Comer ou beber em público.
Usar uma casa-de-banho pública.

Pense nas situações sociais em que se sentiuansioso durante os últimos tempos (ou, igualmente, naquelas que tens evitado porque te sentes ansioso só por pensar nelas).
Que situações são problemáticas para si?




Como é que a ansiedade social se manifesta?


Estes sintomas podem ser divididos em três categorias – cognitivos, somáticos e comportamentais. Estas categorias referem-se, respectivamente, ao que a pessoa pensa (pensamentos e imagens mentais), ao que a pessoa sente (sintomas físicos) e ao que a pessoa faz (ou evita fazer).

O que pensa?

Vários pensamentos são característicos na pessoa com ansiedade social. Estes pensamentos tendem a surgir em situações sociais, de forma tão automática e «natural» que a pessoa pode nem se aperceber da sua ocorrência e dos seus efeitos.

A ansiedade social é marcada, antes de mais, por uma avaliação do próprio pelo próprio como natural e irremediavelmente inepto em situações sociais ou de desempenho de uma tarefa. Estas situações são marcadas pela permanente expectativa de ser escrutinado, julgado e embaraçado ou humilhado pelas outras pessoas. Estes pensamentos criam ansiedade, que origina um segundo nível de preocupação, relativo à possibilidade de esta ansiedade ser notada pelos outros. A pessoa sente-se excessivamente auto-consciente quer da posição em que está, quer da aparência que tem ou da forma como soa quando fala. Os outros, por outro lado, são percepcionados como socialmente competentes, totalmente confiantes e altamente críticos.

Perante uma situação social, uma sequência típica de pensamentos é a seguinte:

1) Exigências impossíveis ou desnecessárias face ao próprio desempenho social (ter um desempenho «perfeito»);

2) Expectativa de ter um desempenho «fraco», que reflecte a «falta de valor pessoal»;

3) Expectativa de que os outros desaprovem esse desempenho e que as consequências dessa desaprovação sejam terríveis (ser socialmente excluído para todo o sempre).

Alguns pensamentos comuns:

• «isto tem que sair bem » «tenho que dizer qualquer coisa interessante, divertida, fascinante»
• «isto vai correr mal», «vou fazer figura de estúpido»
• «vou corar, gaguejar, tremer...»
• «se errar as pessoas não vão gostar de mim»
• «se perceberem que estou nervoso vão achar-me estranho»
• «isto foi horrível», «tive um desempenho patético»
• «nunca mais ninguém me vai convidar para nada»
• Imagem do próprio como pensa que os outros o vêem (encolhido, insignificante, a um canto, a ser gozado por todos os restantes)

O que sente?

Geralmente, uma ansiedade elevada e persistente, que se traduz num conjunto de sintomas físicos que, em alguns casos, podem ser suficientemente intensos para assumir a forma de um ataque de pânico. Alguns exemplos:
      • Ritmo cardíaco acelerado
      • Corar
      • Transpiração excessiva
      • Secura na garganta e na boca
      • Tremuras
      • Tonturas
      • Aperto no peito
      • «Borboletas» no estômago
    • Tensão muscular excessiva
Quais são os seus sintomas fisicos?


O que faz?

Uma das estratégias é o evitamento, ou seja, a pessoa evita expor-se às situações nas quais antecipa que se sentirá ansioso (mesmo que isso lhe crie inconvenientes). Outras vezes, entra nas situações, mas apoiando-se em «comportamentos de segurança», ou seja, fazendo coisas que lhe permitam evitar os aspectos específicos da situação que lhe criam ansiedade, tornando-a mais fácil de suportar – a adopção de comportamentos de segurança não deixa de ser uma forma de evitamento, só que é um evitamento parcial. A presença em situações sociais é marcada por uma incapacidade de relaxar.

Evita o contacto visual.
Procura uma pessoa que conhece bem e mantêm-se sempre com ela
Planeia e ensaia antecipadamenteo que vi dizer. 
 Fala o menos possível (deixar outra pessoa dirigir a conversa).
Não fala sobre si próprio.
Fala muito depressa.
Oferecr-se para ajudar para se manter ocupado. 
 Está sempre em movimento.
«Esconde-se» a um canto nas festas. 
 Bebe mais, fuma mais.
 Que comportamentos de segurança / Evitamento Parcial apresenta


O que mantem a ansiedade social?


 
Existe um conjunto de dinâmicas que pode fazer com que a ansiedade social se transforme num problema para toda a vida. De uma forma geral, o que acontece é que a pessoa com ansiedade social tende a transportar consigo algumas generalizações, quer sobre si próprio («sou desinteressante», «sou pouco atraente», «nunca tenho nada para dizer», «sou um desastre em situações sociais»), quer sobre o outro (geralmente variações do tema «as pessoas não gostam de mim»). Estas crenças podem atravessar uma vida inteira sem chegarem a ser verdadeiramente confrontadas com a realidade dos factos, que poderia demonstrar que são, no mínimo, exageradas e, no máximo, totalmente falsas.


O que eu posso fazer?

Pelo referido anteriormente, é fácil perceber a importância de enfrentar o problema tão cedo quanto possível. Desse modo, pode-se não só para reduzir o desgaste emocional associado à ansiedade social em si, como também prevenir os outros problemas que dela podem advir. Uma abordagem adequada ao problema poderá permitir ao ansioso social ter uma vida mais parecida com aquela que gostaria de ter e com muito menos esforço.

É aqui que o apoio e o suporte de um psicólogo podem ser fundamentais.

Como é que isto se faz? A ideia largamente difundida de que a pessoa «tem é que enfrentar os seus medos» é verdadeira, mas não é toda a verdade. A mera exposição às situações problemáticas não faz com que estas deixem de o ser, principalmente se a pessoa leva para essas situações, uma vez após outra, o conjunto de mecanismos mentais que as tornam problemáticas. Aliás, a verdade é que, por mais que tenha tentado evitá-lo, o ansioso social teve até ao momento que lidar com pessoas numa infinidade de situações. Se a exposição por si só resultasse, ele já não teria ansiedade social. Portanto, a proposta que aqui fazemos é a de que a pessoa se exponha às situações sim, mas procurando pensar, sentir e agir nessas situações de uma forma diferente daquela que foi usada até ao momento.

(para mais informaçoes: http://groups.ist.utl.pt/unidades/tutorado/files/Timidez-e-Ansiedade-Social.pdf)

1 comentário:

  1. Todo este post me lembrou a minha salvação que foi o teatro, realmente foi o melhor meio para sair da timidez. Beijinhos

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Ha razao para ir ao psicólogo? Escreva-me e exponha o que sente, o que o perturba, o que precisa de esclarecer na sua cabeça....