Se entrou aqui é porque provavelmente coloca a si mesmo a hipotese de recorrer à ajuda de um psicólogo. Hoje em dia, procurar ajuda psicológica especializada acaba por fazer parte do quotidiano de muitas pessoas, pelo que é perfeitamente natural que em algumas fases da sua vida, crítica ou não, necessite de recorrer a um psicólogo. Não é vergonha alguma dizer que se anda num psicólogo, porque muitas vezes as potencialidades de nos sentirmos bem estão dentro de nós, nós é que não as vislumbramos.........



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Porque nos sentimos diminuidos diante de certas pessoas? Complexo de Inferioridade.


Uma das queixas mais comuns das pessoas em terapia são os conflitos internos e nos relacionamentos causados pelo sentimento de inferioridade. Quantas pessoas não se sentem inferiores aos seus colegas de trabalho? Não pricuram uma promoção por não se sentirem capazes? Não terminam um relacionamento destrutivo por acreditarem que não conseguirão ninguém que as trate bem? Estão sempre a comparar-se ao irmão, irmã, vizinho, tendo a certeza que o outro é muito mais? Outros deixam de trabalhar, sair, viver, tudo porque se sentem inferiores aos demais.


A denominação complexo de inferioridade foi criada por Alfred Adler (1870-1937), médico psiquiatra, para designar sentimentos de insuficiência e até incapacidade de resolver os problemas, o que faz com que a pessoa se sinta um fracasso em todos, ou em alguns aspectos da sua vida. É o que hoje chamamos de baixa auto-estima, que é quando não se tem consciência de seu valor pessoal. A baixa auto-estima pode comprometer todos os relacionamentos, seja pessoal, profissional, afetivo, familiar, social. 


Alguns acontecimentos na nossa vida passam informações errôneas sobre o nosso valor como seres humanos, o que resulta geralmete em comportamentos introvertidos que, além de causar doses significcativas de sofrimento emocional, causa  ainda muita limitação na vida social, profissional e pessoal.


Adler afirmava que todas as crianças são profundamente afetcadas por um sentimento de inferioridade, que é uma consequência do tamanho da criança e de sua falta de poder perante os adultos. O que desperta em sua alma um desejo de crescer, de ficar tão forte quanto os outros, ou mais forte ainda. Ele sugere que existem três situações na infância que tendem a resultar no complexo de inferioridade:


- Inferioridade orgânica:
Crianças que sofrem de doenças ou enfermidades com deficiências físicas tendem a se isolar, fugindo da interação com as outras crianças por um sentimento de inferioridade ou incapacidade de competir com sucesso com asmoutras crianças. Contudo, ele salienta que as crianças que são incentivadas a superar suas dificuldades tendem a compensar a sua fraqueza física, além da média, e podem desenvolver as suas habilidades e potencialidades de maneira surpreendente. Por exemplo, dedicam-se a uma actividade física para compensar a deficiência.

- Crianças superprotegidas e mimadas:
Estas crianças podem desenvolver um sentimento de insegurança, por não sentirem confiança nas suas próprias habilidades, uma vez que os outros sempre fizeram tudo por elas.
 


-  Rejeição:
Uma criança não desejada e rejeitada não conhece o amor e a cooperação na família. Não sentem confiança nas suas habilidades e não se sentem dignas de receber amor e afecto dos outros. Quando em adultos, tendem a se tornar frios, duros, ou extremamente carentes e dependentes da aprovação e reconhecimento das outras pessoas. Quanto maior a necessidade de ser aprovado e reconhecido pelo outro, mais se desenvolve a necessidade de agradar. Isso faz com que as pessoas deixem de ser elas mesmas, tornando-se o que os outros gostariam que fosse, ou o que pensa que gostariam, reforçando cada vez mais o sentimento de inferioridade, pois não se satisfazem a si mesmas.


Resumindo, as situações formadoras de "sentimentos de inferioridade" são todas aquelas onde a pessoa se percebe  e percepciona como incapaz. Vejamo por exemplo (apenas um exemplo dentro de todo um universo de vivências negativas), a família explosiva.

O pai, mãe, ou qualquer pessoa significativa da infância que resolve as questões dentro de casa pelo caminho do “grito”, oferece um ambiente onde a criança nunca se sente apta a entender como deve proceder, pois diante de pessoas explosivas parece que nunca conseguirá falar ou fazer as coisas corretas. Juntamente com esta sensação de estar sempre errado surge o significativo sentimento de inferioridade.

Ao longo da vida este sentimento aparecerá em todas as situações que o individuo tenha de se relacionar com pessoas que de alguma forma lhe lembrem o pai (mãe, ou seja lá quem tenha sido o explosivo na vida desta pessoa). Sabendo disto entendemos o porquê de algumas pessoas sentirem tanta dificuldade em se relacionar com seus chefes. Qualquer pessoa que lembre, mesmo que vagamente, a posição hierárquica superior na qual o pai se colocava, será o gatilho para que surja o forte sentimento de inferioridade.

Perceba que nem sempre este chefe será parecido com seu pai. Muitas vezes a única similaridade é a simples posição de ser a pessoa que organiza o ambiente (função tanto do chefe como do pai). O resultado deste sentimento de inferioridade é que você pode ter atitudes diante de seu chefe que na realidade são respostas ao comportamento do seu pai, e o “coitado” do chefe não tem nada a ver com isso.

Outras vezes, este chefe é igualzinho ao seu pai. Ele é outra pessoa explosiva na sua vida. Aí a coisa fica pior ainda, pois o individuo já teve o stress de lidar com o seu pai, e não saiu vencedor, se sentiu inferior e agora surge outra pessoa que exige de você o mesmo domínio que não teve em épocas anteriores. O resultado pode ser um pedido de demissão por não conseguir lidar com este chefe.

Pedir demissão numa situação económica actual  não é de todo a melhor saída. O ideal será você aproveitar esta oportunidade para, de uma vez por todas, vencer o seu sentimento de inferioridade e superar-se a si mesmo. O caminho para vencer a inferioridade será treinar a melhor flexibilidade cognitiva possível, e revivenciar o passado, mesmo que doloroso, para finalmente dar à sua mente uma chance de receber o apoio e reconhecimento que você merece. 

Muitas vezes deparamo-nos com pessoas que demonstram ter uma total confiança em si mesma, mas, se observarmos melhor, perceberemos que na verdade são máscaras para compensar o seu própriosentimento de inferioridade, não reflectindo o seu verdadeiro sentimento em relação a si próprio, ou seja, a sua essência. Mas o que fazer quando somos adultos e sentimos medo, vergonha, ou seja, ainda sentimos essa inferioridade perante os outros? O mais indicado é:

- Evitar as comparações. Ficar se comparando com quem quer que seja não o fará sentir-se melhor, pois as pessoas são diferentes, possuem necessidades, desejos e histórias de vidas diferentes.

- Compreenda a sua história de vida e a origem do seu sentimento de inferioridade. Porque motivo se sente inferior? Não desista, compreenda as suas dificuldades e procure enfrentar cada uma delas.

- Enfrente o medo. É importante lidar e enfrentar o medo que as pessoas ou situações provocam e compreender que a percepção de si mesmo está baseada na consequência de factos que já passaram. Você não pode mudar o seu passado, mas pode mudar seu presente.

- Reconheça o seu valor. Perceba que seu valor enquanto pessoa não pode e nem deve ser baseado na maneira como foi, ou ainda é tratado, ainda que isso tenha durado toda sua vida. Não permita mais ser desrespeitado ou maltratado. Lembre-se ainda que o seu valor deve ser baseado pelo que é e não pelos bens materiais que possui.

- Identifique suas necessidades emocionais. O que você espera receber dos outros pode ser aquilo que não recebeu quando era criança dos seus pais. Não espere receber dos outros o que só você mesmo pode se dar.

- O que você deseja receber na relação afectiva? Muitas vezes os conflitos gerados no relacionamento têm origem na sua história de vida.

- Observe e procure compreender cada um dis seus sentimentos. Perceba quando sentir inveja, ciúmes, necessidade de poder ou superioridade. Esses sentimentos podem estar a ocultar e a compensar um sentimento de inferioridade.

- Aprenda com os erros e não fique se punindo por ter errado, nem se acomode nas situações. Saia de sua zona de conforto e mude o que deseja!

- Valorize sempre as suas conquistas! Pare de supervalorizar o que o outro tem ou faz e desvalorizar as próprias conquistas. Celebre sempre!

- Faça psicoterapia. O autoconhecimento obtido através do processo da psicoterapia poderá fazer com que reconheça seus reais valores e liberte-se do complexo de inferioridade que acorrenta e aprisiona.

6 comentários:

  1. Bom texto.
    Gosto sempre de passar aqui.
    Beijinhos

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  2. Gostei muito,
    Estou com uma depressão já algum tempo. Fiz uma tentativa de suicídio e estou a ser medicada pelo meu medico de família. sinto-me bem com o tratamento porque não me deixa apática. O problema é que estou a perder muito peso, perdi 5 quilos desde o mês de julho. Estou a tomar vitaminas, o meu apetite melhorou mas não consigo aumentar o peso. Peso 43 quilos para 155cm. O meu problema agravou-se no mês de outubro. Tive um problema com uma colega porque ela não se preocupa muito com o trabalho e como eu não quero reclamações, comecei a fazer tudo.
    Ela acusou-me em frente do director e da minha chefe de pessoal de ser uma pessoa muito competente e de não me conseguir acompanhar. Responderam-me que só tinha que fazer o meu trabalho e não o da minha colega. Eu só fiz para ajudar. A minha chefe que sempre me maltratou acusou-me de ser uma pessoa conflituosa e disse que se me mudasse de posto aconteceria o mesmo com outra colega. Sinto-me injustiçada e deixei de trabalhar. Perdi o interesse por tudo. Já não sei o que fazer.
    O que me aconselha? Há noites que nem consigo dormir mesmo com a medicação.

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  3. Carolina Mesquita, psicóloga1 de novembro de 2011 às 21:16

    Ola cara visitante:

    Antes demais queria agradecer por ter passado no meu blog e ter lido o que escrevo. Tal como já referi aqui é sempre importante sentirmos que o que escrevemos tem eco e ajuda quem lê.

    Quanto aquilo que me expõe, torna-se um pouco vago, porque me parece ter uma vida já marcada por algum sofrimento, escrevo isto pela sua tentativa de suicidio. Gostaria de saber se não gostaria de partilhar um pouco mais da sua história comigo, não aqui mas para o meu email pessoal: carolina.bernardo.mesquita@gmail.com. Gostaria de saber quem é e qual o seu percurso pessoal, pois só assim conseguiremos compreender o porqu~e de por vezes se "sentir diminuida" perante os outros.Sinto que por vezes só quer ajudar, mas aque acaba por ser mal interpretada por quem a rodeia, correcto?

    Os sentimentos que perpassam naquilo que escreve são o de apatia e tristeza. Foi lhe feito algum diagnóstico pelo seu médico de familia, porque a mim parece me um claro caso de depressão. A medicação deveria ser complementada com terapia, porque na verdade eu sinto que tem algumas coisas para resolver.

    Escreva-me para o email, aguardo saber um pouco mais da sua historia.

    Cumprimentos e um ate breve e já agora sorria porque só é preciso "aprendermos a ser felizes", porque ela, a felicidade, também se aprende

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  4. AMIGA, BOM EU TENHO 36 ANOS, ESTOU CASADA HA 6 ANOS MEU MARIDO AGORA TEM 51 ANOS TEMOS UM FILHO DE 2 ANOS, BOM NO COMEÇO ATE QUE NÃO ME INCOMODAVA, ELE SEMPRE ESTAVA FALANDO DE SUA EX DE 20 ANOS ATRAS COM QUEM TEM UMA FILHA. SE ESTAMOS ASSISTINDO E PASSA ALGO ELE TOCA NO ASSUNTO FALA ATE DA INTIMIDADE DELES NA EPOCA, P FALAR A VERDADE NÃO ME INCOMODAVA POIS TINHA UMA IMAGEM DIFERENTE DELA, MAIS EU CONHECI UMA PESSOA QUE A CONHECIA ME FALOU HORRORES DO RELACIONAMENTOS DELES DA EPOCA , NOSSA EU FIQUEI COM NOJO COISAS MUITO PESADAS, ENTÃO EU NÃO SEGUREI E COMENTEI COM ELE COMO ELA PODIA , ESTAR SEMPRE LEMBRANDO DE UMA PESSOA QUE TE FEZ TANTO MAL NO PASSADO, EU SENTIRIA UM CERTO DESPREZO, PRONTO FOI MOTIVO DE BRIGA, POIS ELE NAUN CONCORDOU EM EU ENTRAR NESSE ASSUNTO , EU TE PERGUNTO E NORMAL UM HOMEM QUE VIVEU COM UMA MULHER À VINTES ANOS ATRAS, CONTINUAR FALANDO DESSA PESSOA DIRETO E SEMPRE COM UM TOM DE ORGULHO SEI LA ESPECIAL,DIZ QUE ELA ERA MUITO BONITA E TAL ATE GOSTOSA ... A IMPRESSÃO QUE TENHO DELE AINDA E APAIXONADO POR ELA PODE... ISSO.. BOM EU SEI DE TODA HISTORIA DELES... MAS ELE NÃO SABE QUE EU SEI... ENTÃO VEJO COM OUTROS OLHOS ... ESTOU ME SENTINDO MAL POIS ACHO QUE UMA PESSOA NORMAL JAMAIS ERA PRA TER ESTE CONCEITO ... PRA FALAR A VERDADE EU FUI A PRIMEIRA MULHER QUE ELE SE RELACIONOU SERIO DEPOIS DE VINTE ANOS, ELE É ATEU TEM UM GENIO MUITO FORTE.. AI TEM DIAS QUE FALTO PIRAR POIS EU PERCO A PONTA DA CORDA ... SEI QUE ESTOU TENDO UM POUCO DE CIUMES MAS É NORMAL ESSE TIPO DE COMPORTAMENTO..

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  5. Olá,Me indentifiquei bastante com vários trechos do texto,como se eles se encaixassem . Venho passando por uma fase complicada desde os meus 19 anos,me sinto perdido totalmente sem rumo.mas tenho q me recuperar pra seguir... E preciso de ajuda,eu acho. Obg,desde já (y)

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Ha razao para ir ao psicólogo? Escreva-me e exponha o que sente, o que o perturba, o que precisa de esclarecer na sua cabeça....