Se entrou aqui é porque provavelmente coloca a si mesmo a hipotese de recorrer à ajuda de um psicólogo. Hoje em dia, procurar ajuda psicológica especializada acaba por fazer parte do quotidiano de muitas pessoas, pelo que é perfeitamente natural que em algumas fases da sua vida, crítica ou não, necessite de recorrer a um psicólogo. Não é vergonha alguma dizer que se anda num psicólogo, porque muitas vezes as potencialidades de nos sentirmos bem estão dentro de nós, nós é que não as vislumbramos.........



quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Luto: feridas que podem ser "saradas"




O luto, apesar de angustiante, é um processo pelo qual todos acabamos por passar. Ao longo da nossa vida, sofreremos a perda de pessoas que amamos e, também, de situações que para nós são importantes. Contudo, quotidianamente falamos e pensamos muito pouco acerca da morte e das perdas que sofremos. é normal, o ser humano evita falar daquilo que lhe causa angustia, daquilo que o magoa. A simples ideia de muitas vezes pensarmos que vamos perder um "ente querido", por si só, magoa-nos. Talvez por isso, seja tão difícil aprender a llidar com o luto – como nos sentimos, o que devemos fazer, o que é "normal" acontecer – e, aceitá-lo.

O luto é um processo normal que se desenvolve sempre que sofremos uma perda. Trata-se de um conjunto de sentimentos que necessitam de algum tempo para serem resolvidos e que não devem ser, de todo,  apressados.

Esta reacção ocorre em diversos tipos de perdas, incluindo:


• A morte de alguém significativo;

• O fim de um relacionamento significativo;

• Alguém que te é próximo e que está a experienciar uma doença crónica ou terminal;

• A perda de factores importantes na vida como segurança económica, um emprego ou curso que gostavas;

• A morte de um animal de estimação;

• Uma mudança negativa no que diz respeito à saúde ou funcionamento físico e psíquico


Quando se está a passar por um luto é normal sentir...


• Como se estivesses a ficar “louco”;

• Incapaz de se concentrar/ esquecimento;

• Zangado e/ou reactivo às coisas;

• Com a percepção de ficar mais sensível aos acontecimentos;

• Alterações de humor;

• Como se estivesse “anestesiado”;

• Ambivalente;

• Incompreendido e frustrado;

• Ansioso, nervoso e com medo;

• Falta de energia;

• Como se quisesse “fugir para bem longe” ;

• Culpa e remorso por coisas que não disse ou não fez.

A morte

Falemos agora, na perda mais significativa que alguém pode ultrapassar a morte de alguém.
Nos dias seguintes à perda de alguém importante, a maioria das pessoas passa por uma fase de descrença, como se não pudesse acreditar no acontecido (mesmo quando a morte era esperada). Este estado de torpor emocional pode ajudar a realizar os procedimentos burocráticos inerentes ao processo.

Todavia, poderá tornar-se problemático se persistir. Ver o corpo da pessoa falecida pode, para alguns, ser um meio importante de consciencializar a perda. Da mesma forma, o velório e o funeral podem ajudar o sujeito a confrontar-se com a realidade. Apesar de serem situações dolorosas, constituem um modo de dizer adeus àqueles que amamos. Na altura, estes acontecimentos podem parecer demasiado difíceis para que sejam vividos, mas o facto é que fugir aos mesmos pode levar a um arrependimento tardio.

Segue-se um período de grande agitação e ansiedade face à perda sofrida. Surge o desejo de encontrar
quem se perdeu, mesmo que tal seja impossível. O sujeito deixa de conseguir relaxar ou concentrarse e o sono pode ser perturbado.

Os sonhos podem ser muito confusos e algumas pessoas chegam mesmo a "ver" quem perderam nos sítios que estão associados a essa pessoa. É comum a pessoa em luto sentir-se zangada e revoltada com médicos, enfermeiros, amigos e familiares porque “não fizeram tudo o que era possível” ou mesmo contra a pessoa que faleceu e, assim a deixou.

Outro sentimento habitual neste processo é a culpa. A pessoa começa a pensar em tudo o que podia ter feito ou dito e que já não pode mudar, para impedir essa morte. De um modo geral, não é possível prever e impedir a morte, pelo que a pessoa em luto deve ser recordada disso.

O estado de agitação anteriormente referido é, geralmente, mais forte nas primeiras duas semanas, seguindo-se períodos de grande tristeza e depressão, retiro e silêncio. Esta mudança súbita de emoções pode deixar amigos e familiares confusos, mas faz parte do processo de luto.

Apesar da diminuição da agitação, os períodos de tristeza tornam-se mais frequentes e atingem o auge passadas quatro a seis semanas do sucedido. São frequentes as crises de choro e uma angústia intensa, sendo habitualmente despoletadas por pessoas, sítios ou acontecimentos que fazem lembrar quem se perdeu. Poderá haver uma tendência da parte da pessoa em luto para evitar os outros, o que poderá trazer problemas futuros e, por isso, será melhor regressar ao seu quotidiano o mais rapidamente possível.

Durante este período, pode parecer estranho aos outros que a pessoa em luto esteja numa atitude de aparente alienação. Porém, ela estará a pensar em quem perdeu, recordando constantemente os bons e os maus períodos que passaram juntos. Esta é uma fase silenciosa mas essencial à resolução do processo.

Gradualmente, a angústia resultante do luto começa a desaparecer. A depressão atenua-se e torna-se possível começar a pensar noutros assuntos e até em projectos para o futuro.

No entanto, o sentimento de perda nunca desaparecerá por completo.


Aqueles que ficam presos ao luto

Há pessoas que parecem não passar pelo processo de luto: não choram no funeral, evitam falar da pessoa que perderam e voltam à sua vida "normal" rapidamente. Outras pessoas poderão, pelo contrário, sofrer sintomas físicos e passar por episódios repetidos de depressão nos anos seguintes. Algumas pessoas podem não ter a oportunidade de passar pelo processo de luto da melhor forma, uma vez que têm de continuar a sua vida profissional ou familiar, não tendo disponibilidade para o fazer.


Ocasionalmente, a perda sofrida não é vista como suficientemente forte para que seja necessário proceder ao luto (após o nascimento de um nado morto ou depois de um aborto). Algumas pessoas podem iniciar o processo de luto e permanecer nele, sem o resolver. Nestes casos, a dor e a angústia por quem se perdeu permanecem, sem que a situação seja devidamente resolvida.

A pessoa pode continuar a não aceitar a perda sofrida, mantendo-se na fase de descrença referida atrás ou, por outro lado, só conseguir pensar em tal pessoa, mantendo, por exemplo, o quarto da pessoa falecida intacto, como um local de culto.

Ocasionalmente, a depressão que ocorre em todos os lutos pode agravar-se ao ponto de a pessoa deixar de se alimentar e de pensar em suicidar-se. Nestes casos será, obviamente, necessário recorrer a ajuda profissional especializada.


Como ajudar os amigos e familiares


A família e os amigos podem ajudar a pessoa em luto passando tempo com ela. Não se trata de falar com ela sobre o sucedido, mas antes de estar com ela e demonstrar que estão presentes nesta fase de dor e tristeza. É importante que a pessoa tenha alguém com quem chorar e falar sobre a perda sentida, se disso precisar. Gradualmente, o sujeito recompor-se-á mas, antes disso, terá de chorar a pessoa perdida e de falar sobre ela.

Só desta forma terá a oportunidade de dizer o que precisa e como se sente. É importante dar-lhe o tempo necessário para que possa ultrapassar pois, de outra forma, poderá não conseguir fazê-lo.

Muitas vezes, pode achar que os amigos e a família não lhe podem fornecer o nível ou o tipo de apoio que precisa no seu processo de luto. Certas pessoas podem estar elas próprias a vivenciar um luto, pode sentir que não têm um distanciamento suficiente face a si e ao processo ou podem transportar certos “mitos da sociedade” em relação à perda e ao luto. Nestes e noutros casos, um psicólogo pode ajudar a compreender melhor o seu  processoluto fornecendo a informação e o apoio necessários. Pode ainda disponibilizar um lugar seguro onde possa viver a sua dor inteira e naturalmente, ajudando-o a seguir em frente e a encontrar um significado continuado na vida.

Assim perante um processo de luto é importante:
• Procurar ajuda psicoterapêutica;

• Fazer exercício;

• Participar em grupos de apoio, religiosos ou não;

• Ler livros sobre o assunto;

• Manter a esperança;

• Participar em actividades sociais;

• Ter uma alimentação cuidada;

• Descansar e relaxar;

• Ouvir música.


Esta lista poderá ajudá-lo a ter uma ideia mais clara de como “gerir” o que estás a sentir. No entanto, cada um de nós tem o seu estilo próprio e único de lidar com a dor e por isso poderá a partir de aqui fazer uma lista só sua, mais adaptada às suas necessidades. Falar com amigos que tenham passado por um luto há pouco tempo poderá ajudá-lo a encontrar novos caminhos para lidar com o seu luto. Apesar de, ao limite, ter de ser você a perceber e sentir o que melhor se adequa a si e ao seu luto.

O luto é uma das experiências mais dolorosas e intensas que qualquer ser humano pode vivênciar e testemunhar. No entanto, quanto mais conscientes estivermos da intensidade e individualidade com que cada um vive este processo, mais facilmente o conseguiremos experienciar, tendo sempre em conta que a dor é inevitável.


Fonte: http://www.esscvp.eu/escola/servicos/gabinetes-tecnicos/apoio-psicologico/Luto.pdf

2 comentários:

  1. Creio que há muita gente que retém sensações depois do período de luto.
    Creio que há muita gente que tenta esquecer o fim da vida do ente querido e evita falar, de deitar cá para fora o que fica retido durante talvez muitos anos.
    Às vezes o trabalho de um psicólogo é mais necessário do que aquilo que pensamos.
    Beijinhos

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  2. Ola tixa:

    Desde já o meu obrigado por partilhar a sua opinião. Do meu ponto de vista, após a morte de um familiar, as pessoas tentam muitas vezes negar o que aconteceu e por vezes mantem-se numa apatia e numa "negação" durante muito tempo. Este processo, faz com que inevitavelmente um processo de luto que é normal passe a ser patológico.

    beijinho e obrigado por me "visitar"

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Ha razao para ir ao psicólogo? Escreva-me e exponha o que sente, o que o perturba, o que precisa de esclarecer na sua cabeça....