Se entrou aqui é porque provavelmente coloca a si mesmo a hipotese de recorrer à ajuda de um psicólogo. Hoje em dia, procurar ajuda psicológica especializada acaba por fazer parte do quotidiano de muitas pessoas, pelo que é perfeitamente natural que em algumas fases da sua vida, crítica ou não, necessite de recorrer a um psicólogo. Não é vergonha alguma dizer que se anda num psicólogo, porque muitas vezes as potencialidades de nos sentirmos bem estão dentro de nós, nós é que não as vislumbramos.........



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Pais que não têm tempo para os filhos

Filhos que estão na escola a maior parte do tempo e quando chegam a casa, não podem ficar em casa com a empregada, ainda mais com a crise, e se atiram para diversas actividades. Além da escola, têm aula de natação, futebol, judo, ténis, aulas de música, escuteiros, ocupações de tempos livres, etc…. etc….

Este é o quadro que temos hoje. Comum, sem dúvida, mas eficiente? Terão consequências ou já as têm que talvez nem estejam a ser identificadas pelos pais?

O tempo com filhos tem sido negligenciado ou considerado pouco importante pelos pais e, principalmente, pelas mães que colocam o trabalho como prioridade e os filhos em segundo plano, imaginando que com o resultado financeiro advindo do trabalho, estarão a dar a esse filho o melhor de tudo. Grande ilusão!

Não estou a dizer com isto que as mães não devem trabalhar, nada disso. A distorção desses valores é que se tem mostrado que temos crianças infelizes e despreparadas para enfrentarem uma realidade muito mais exigente do que parece.

Crianças que passam muito tempo longe da mãe muitas vezes desenvolvem um comportamento inseguro, pois a base da segurança vem da interiorização da figura materna e isso é feito na convivência profunda entre mãe e filho(a).

Pais que chegam tarde em casa e que convivem apenas de uma hora e meia a duas horas com filhos, têm dificuldade em discipliná-los por pena ou receio de se tornarem mal vistos por esses filhos, ou de parecerem antipáticos/maus.


Deixando de discipliná-los como convém, esses filhos tornam-se ditadores, manipuladores e autoritários. E é precisamente esta a maior dificuldade que hoje em dia os pais atravessm: disciplinar os filhos, como que perdem o controlo dos seus próprios filhos.  Como consequência disso, desenvolvem baixa resistência à frustração, pois não aprendem a lidar com situações que não são aquelas que eles planearam.

Em decorrência disto, tornam-se adultos infantilizados que na primeira dificuldade no trabalho, por exemplo, pedem demissão ou, na primeira crise em relacionamentos procuram logo novos parceiros para muitas vezes comlatarem a ausência que sentem interiormente. Igualmente, na primeira crise dentro do casamento, incapazes que sempre foram em lidar com situações de dificuldade, escolhem o divórcio como alternativa mais fácil e menos desgastante.


O resultado disso é o que temos visto dessa geração que começou a surgir nos anos 80, com a chegada da mulher ao mercado de trabalho. Geração, essa hoje, com jovens de vinte e tantos anos vivendo relacionamentos precários e passageiros, com parceiros descartáveis e flutuantes.

Esquema de criação estabelecido décadas atrás que se estende e se perpetua ainda hoje, onde crianças de 3,5,8, anos etc… vivem situações semelhantes. Pouquíssimas mudanças aconteceram nas últimas décadas, e podemos considerar mudanças para pior. Afinal, o mundo competitivo exige actividades múltiplas… transformado essas crianças em adultos bem-sucedidos. Será?

Será o adulto bem-sucedido aquele gerente de alguma empresa, com inúmeras pessoas que trabalham abaixo dele, mas que fica stressado ao extremo, levando a crises de depressão, de agressividade, síndrome do pânico e com dificuldade em lidar com frustrações e medo da competitividade. E, como consequência, o isolamento e dificuldade de aproximar-se das pessoas que podem ser potenciais inimigas?

Hoje em dia, sabemos que um adulto bem-sucedido, é aquele bem equilibrado emocionalmente, que consegue gerir bem situações de frustração e não tem receio da competição, pois conhece bem a sua tarefa, o seu lugar e sabe disso por ter uma auto-estima equilibrada e saudável. É bom lembrar que a auto-estima não se constrói aos trinta anos, mas é construída na primeira infância pelos pais que gastam o tempo observando a criança e acompanhando em detalhe a evolução de comportamento e personalidade, que aos três anos já está formada.

O criar de filhos exige renúncia, sacrifício e deixar de lado situações aparentemente prioritárias e engajamento absoluto no preparo dessa vida que um dia iniciou, na maioria das vezes, por escolha.
É necessário observar cuidadosamente se cada mãe em potencial se encaixa dentro da exigência da maternidade.

Caso não se encaixe, NÃO TENHA FILHOS! Nenhum ser humano merece, ainda que considerando que está a fazê-lo bem, ser negligenciado.

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