Se entrou aqui é porque provavelmente coloca a si mesmo a hipotese de recorrer à ajuda de um psicólogo. Hoje em dia, procurar ajuda psicológica especializada acaba por fazer parte do quotidiano de muitas pessoas, pelo que é perfeitamente natural que em algumas fases da sua vida, crítica ou não, necessite de recorrer a um psicólogo. Não é vergonha alguma dizer que se anda num psicólogo, porque muitas vezes as potencialidades de nos sentirmos bem estão dentro de nós, nós é que não as vislumbramos.........



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Aucontrole: como lidar com os outros quando nos tiram do sério?

Existem aquelas pessoas que especialmente nos tiram do sério. Provocam, mexem nas nossas feridas de uma forma que muitas vezes nem dá para entender se o fizeram de propósito ou por ingenuidade. São pessoas que fazem pedidos descabidos, são pessoas que simplesmente acham que tem mais direito que os demais. Ter autocontrole é fundamental para continuarmos a nossa vida sem precisar nos desentendermos com cada uma destas pessoas. Afinal de contas, não é porque a outra pessoa não ter bom senso que você precisa de ser igual.

Hoje em dia a competição profissional é cada vez mais intensa, temos que assumir cada vez mais riscos senão ficamos obviamente para trás. Temos milhões de coisas para fazer no menor tempo possível. Para quem é casado existem as exigências do casamento - o outro a querer atenção e você sem tempo ou paciência. Para quem é pai ou mãe, são os filhos que requisitam mais e mais. Para quem é solteiro é necessário equilibrar trabalho, amigos, as tarefas de casa, família e ainda arranjar uma namorada ou namorado - porque ninguém é de ferro e ninguém gosta de viver sozinho.

Não é difícil de perceber a quantidade de coisas que podem te afectar: um colega tipo “sabichão” que só sabe mesmo é o tirar do sério ou aquele chefe critico, um supervisor na defensiva, um filho endiabrado, uma esposa/marido que não colabora, o amigo que só lhee liga para falar dele mesmo e nem pergunta como você está, o parente invejoso, enfim, a lista é gigante.
As frases que mais se ouvem são: “O meu chefe deixa-me louco”. “Os meus filhos acabam comigo”. “Eu odeio quando... (preencha como quiser - pode ser um evento, uma tarefa, uma decisão, um prazo, uma crise ou uma incerteza)".

Muitas coisas podem abalar a vida do individuo: mudança de carreira, um divórcio, ou até um casamento (também abala, pensa que não?), a compra da sua casa, uma entrevista de emprego, o trãnsito, decisões para tomar... muitas decisões, mas a pior decisão que é: não decidir nada. É a decisão do medo! Ficar num cantinho vendo os outros a viverem e você só a sobreviver!

O que fazer para não sair do sério?
Auto-gestão é a resposta para lidar bem com isto tudo. Se você deixar existem muitas coisas para o tirar do sério e você precisa de não permitir que os factos do quotidiano e as pessoas o afectem tanto. Superar as dificuldades sem sofrer desnecessariamente.

Problemas todas as pessoas têm. Se você não tem, então você deve estar morto, pois basta sair para dar uma volta de carro para alguém se meter consgio e tentar tirar-lhe o controlo. Se você for mulher sabe que os compromissos de casa são um intenso desgaste - você sabe do que eu estou a falar. Sabe-se lá que outras circuntâncias esta exposto que o podem tirar do sério. Você não pode evitar que essas coisas aconteçam mas, pode aprender a lidar melhor com delas.

O que você não sabe é que foi você que permitiu que o tirassem do sério. Ninguém o tira do sério se você não deixar. O problema é que as pessoas não sabem como fazer para impedir a influência do outro.

Antes vou-lhe contar as três coisas que facilitam que o tirem do sério mas ao mesmo tempo fazem de você um ser humano: você pensa, sente e tem um determinado comportamento.

O que faz de você um ser humano           

Em primeiro lugar o pensamento . Mesmo que você queira, não consegue ficar um minuto sem pensar, mesmo quando a sua cabeça está longe, no mundo da lua, está pensar em alguma coisa. Muitas vezes as pessoas nem prestam atenção no que estão a pensar, ou seja, este pensamento não é consciente.

Em segundo lugar, aa pessoas estão quase que o tempo todo sentindo uma emoção . Pode ser algo só meio vago, pode estar meio irritado, meio feliz ou pode ser intenso como uma fúria, depressão, etc.

E, por fim, você está sempre se  a comportar-se , a fazer alguma coisa. Se você está agora a ler este texto, isso já é um comportamento, o comportamento de se concentrar num texto.

E é sobre isso que eu vou falar, o que lhe passa na cabeça, quais os sentimentos que o perturbam e o que você faz com tudo isso.

O problema está dentro de você           
 Esta é uma óptima noticia, pois se se o problema está com você, a solução também está ao seu alcance.
   
As pessoas costumam achar que o problema está sempre fora delas, ou seja, se você se irritou, é porque alguém o ofendeu, se você está depressiva é porque o outro te deixou assim, e por ai a fora. Mas na realidade o que o tira do sério não são as dificuldades que lhe aparecem, as pessoas difíceis que você tem na sua vida, os seus prazos curtos a cumprir, os sabichões, a irresponsabilidade dos outros etc.

Na realidade não é nada disto que o tira do sério. O que o tira do sério é você mesmo. É  a forma como você lida com todas as dificuldades com que se depara, ou seja, o que o afecta não são as coisas que lhe acontecem, mas os pensamentos, as interpretações e as reacções que você tem quando uma das referidas coisas acontece. 
Eu sei que até agora o que eu tenho é um conjunto de leitores incrédulos que penam: “Mas como? É claro que os meus problemas são essas coisas horríveis que me acontecem! Como é que a Carolina tem a coragem de dizer que o problema é a minha cabeça?”

Mas veja bem, isso é uma ótima noticia, porque esse é o segredo que lhe vai facilitar viver muito melhor. Estou a dizer-lhe que você tem o controle da sua vida, sobre o que lhe acontece. Como você se sente está na sua mão e não nas mãos dos outros ou do destino.

Como ocorre o processo interno que nos faz sair do sério           


Vou explicar. Primeiro, passo A, ocorre um problema, alguém lhe faz algo muito grave. Vamos dar o exemplo do trânsito: alguém lhe deu uma apitadela porque você não o deixou passar. Passo B: você reage ou fica furioso, persegue o individuo, briga com ele ou perde o dia porque fica irritado até muitas horas depois.

Mas antes de você reagir, de se alterar, de responder, algo aconteceu automaticamente na sua cabeça: você percebe, escolhe, analisa, julga, imagina. Enfim, tudo isso tem um mesmo nome, que é: você pensa!

Mesmo que esse pensamento seja muito rápido e você mal o perceba, você precisa dele para sentir raiva ou o que for, você precisa do pensamento para chegar a algum comportamento. O negocio é que muitas vezes esse pensamento é tão rápido que você não se dá conta dele.

Algumas pessoas não se dão conta disto, elas dizem: “O homem abriu a boca e o sangue subiu-me”. Aí, parece que o sangue lhe subiu à cabeça pelo que o individuo disse, parece que o sangue lhe subiu à cabeça porque individuo lhe disse aquilo. Mas o sangue subiu-lhe pelo o que você pensou a respeito do que o individuo lhe disse. Você teve que considerar uma ofensa, então essa fúria surgiu por sua causa, por causa de seus conteúdos mentais e não diretamente por causa do outro.
O que eu estou a dizer é: não importa o que lhe aconteça, é o que você pensa desse acontecimento que vai determinar se você vai explodir ou não.     
Às vezes você justifica-se, colocando a culpa nos outros ou nas coisas que lhee acontecem pelos comportamentos e pelo sofrimento pelo qual você está a passar. Mesmo porque você não tem poder sobre o outro. Você vai mudar o outro? vai fazê-lo ter consciência ou respeito? Muitas vezes, você não consegue fazer isso.

Assumir a responsabilidade pelos nossos sentimentos e comportamentos é muito importante. Em primeiro lugar não estou a dizer que você deve se culpar ou se recriminar. As pessoas usam a palavra culpa e responsabilidade como se fossem sinônimos, mas “culpar” significa “recriminar” e “responsabilizar” significa que você responde pelos seus sentimentos e atitudes. Assumir responsabilidade é saudável. Culpar-se é destrutivo.    
Quatro modos de pensar


 Existem quatro modos de pensar quando algo acontece. A boa noticia é que são só quatro e é fácil de entender. A má noticia é que, destas quatro maneiras, três são muito prejudiciais, são pensamentos enlouquecedores. Quero dizer que se você pensa de uma destas três maneiras você não vai lidar com a situação de forma sensata, você vai permitir que o outro o tire do sério e você vai reagir de forma descontrolada e desproporcional.

O Pensamento Enlouquecedor

O primeiro pensamento enlouquecedor é o chamado pensamento catastrófico. Isto significa que a pessoa transforma tudo em algo muito mais importante do que realmente é. É fácil de reconhecê-los, porque muitos pensamentos catastróficos começam com a expressão “e se”.

Por exemplo, você está na sala de espera de uma entrevista de emprego e a sua cabeça começa: “E se ele perguntar algo que não sei responder. E se não gostarem de mim. E se eu não for interessante?”.
Estas perguntas querem dizer que caso alguma dessas coisas aconteça não vai ser só uma preocupação, vai ser uma catástrofe. Entrando na entrevista com isso na cabeça você será obviamente derrotado, com muita certeza esses pensamentos vão virar uma profecia que se auto realiza.

No casamento aparecem muitos pensamentos catastróficos. “E se ele não me amar mais”. “E se ele não mudar”. “E se o trabalho vier sempre em primeiro lugar”. Um ponto interessante é que o problema não é exatamente a pergunta, o problema é a resposta. 

Outra forma de pensamento catastrófico é identificado quando ouvimos as pessoas começando frases assim: “eu fico louco quando...”, “não agüento quando...”, “isso acaba comigo...”, “eu odeio quando...” . Sempre que existem esse tipo de pensamentos, você fica mais susceptível às pessoas ou situações que lhe tirem do sério.

E você deve saber que entrar em pânico é a melhor maneira de você se tornar infeliz .

Quantas vezes você entrou em pânico por coisas que, quando realmente aconteceram, você viu que não eram tão más assim. Como, por exemplo, aquele que nem abre o resultado do exame com medo de ter uma doença tão grave que o médico vai lhe dar só alguns dias de vida, mas quando finalmente ele tem coragem vê que não tem doença nenhuma. Ou aquela pessoa que começa um emprego a achar que não vai conseguir aprender as funções, mas dali a alguns dias já está craque no serviço.

A boa noticia é que todos podem aprender como parar de entrar nessas situações de sofrimento desnecessárias.

Pensem comigo, porque seria melhor não entrar em pânico? Além de evitar infelicidade à toa, em pânico você não pensa com clareza, com lógica, você não tem chance de tomar boas decisões. E o melhor: se você reagir adequadamente, você não vai permitir que outras pessoas te façam perder o controle.    
O Pensamento Absolutista     
O segundo tipo de pensamento enlouquecedor é o pensamento absolutista. Os pensamentos absolutistas aparecem quando você pensa em coisas como “eu devo”, “eu tenho que”, “eu preciso”, “eu deveria”. “Eu deveria ter dito tal coisa”. “Eu tenho de ser mais organizado”. Todos nós fazemos isso algumas vezes ao dia. O problema aparece quando você exagera nessa autocrítica.

As pessoas fazem muito isso com a aparência: eu devia ter esta parte do corpo mais fina, mais grossa, maior, menor etc. Dizemos o tempo todo: eu deveria ser mais inteligente, maduro, criativo, desinibido, estável, confiante, decidido.

Pensamos que deveríamos ser mais sérios, mais alegres, mais maduros ou nunca envelhecer. E sabe o que acontece quando você se enche desses “deverias”? Você acaba por passar isso para os outros. Você acaba achar que os outros é que deveriam ser mais, ser menos, fazer isso ou aquilo.

Mas, a pior critica é a que se faz para si mesmo. Esse é o tipo de coisa que acaba permitindo que os outros nos tirem do sério. Porque quando você se critica tanto, qualquer olhar diferente que o outro faz para você já é uma reprovação, qualquer suspiro é uma condenação.

E como é que tudo isso começa? Na realidade começa lá na infância. Com certeza você teve pais dizendo: você deveria brincar com seu irmão, você deveria ser médico, advogado, piloto de avião. Você deveria ser o que eu quero que seja.

E vocês sabem qual é uma das fontes mais cruéis dos “deverias”? É a televisão. Ela vive dizendo que, se você não usar a pasta de dentes certa, se não tiver o corpo daquela modelo, se não usar aquele champoo, jamais você vai ser alguém na vida. A TV vive para convencer das coisas que você deve ter.

O Pensamento de Racionalização
O terceiro tipo de pensamento enlouquecedor é a racionalização. Vejam que raciocinar é uma coisa. Racionalizar é outra bem diferente. Raciocinar é entender as coisas como elas são. Racionalizar é negar os sentimentos.

Exemplo: você tem um filho difícil, ele dá-lhe muito trabalho. Dizer que você não se importa com ele é racionalizar. Dizer “chega, o meu filho pode ir para o inferno, eu não ligo, se ele quer arruinar a própria vida o problema é dele”. Porque nos sabemos o que vai acontecer. Você vai racionalizar assim por dois ou três dias, depois o pânico volta e aparece tudo de novo. E mais forte ainda.

Ou em outro exemplo de racionalização, a pessoa é tão tímida que chega a ter fobia social, tem uma dificuldade imensa em se relacionar com pessoas. E o que é que ela faz? Diz que não se importa com os outros, diz que prefere mesmo viver sozinha, comer sozinha, ir ao cinema sozinha. Ou nem sai de casa, diz que prefere ficar em casa. Mentira! Em psicologia chamamos isso de dissonância cognitiva, que são essas justificativas que as pessoas arranjam para dar sentido a uma coisa que não tem sentido nenhum.

De toda forma, a racionalização é uma tentativa de superar o problema. Mas é uma tentativa muito frágil.     

O Pensamento das Preferências Realistas     
Somos nós que nos irritamos, mas podemos aprender a deixar de o fazer. Como? Aprendendo a aplicar o quarto tipo de pensamento. Felizmente, há esse quarto tipo de pensamento que você pode ter quando alguém está tentando te tirar do serio. É fácil de entender, mas é difícil de colocar em prática. 

Este tipo de pensamento é do tipo de preferências. As mais eficientes são assim: “eu  sentiria melhor se...“, “eu gostaria de...”, “eu preferiria que...”, “seria melhor se...”.     

O pensamento realista não lhe garante que tudo vai dar certo, mas garante que vale a pena tentar, tentar e se corrigir e aprender a cada tentativa. O pior é ficar paralisado e não fazer nada, por puro medo.

Vamos a uma situação. Você tem um chefe que nunca diz o quando seu trabalho é bem feito, por mais que você se esforce, fique depois do horário. Ele não expressa a mínima consideração. O que ele faz é só apontar cada erro seu. Você até gosta do seu trabalho, mas nessa situação está a cansar. Bem antes de você pedir demissão e mudar para outro emprego com outro chefe igual ou pior, ou seja, antes de você trocar de problema, vamos analisar a situação.

Pensamentos que te levam ao pânico são: “E se eu tiver mesmo fazendo um trabalho medíocre? E se ele está farto de mim? Porque é que ele não pode fazer um só elogio”?

Agora os pensamentos críticos: “Que chefe péssimo que eu tenho. Ele precisa entender que funcionários precisam de estímulo. Porque é que eu trabalho tanto se só recebo criticas? Esse cretino precisa aprender a tratar as pessoas”.

Agora os pensamentos de racionalização podem ser: “É assim que funciona em todo lugar, toda empresa é igual. Vou apenas fazer meu trabalho, pegar o meu ordenado e chutar a porta, não vou esperar mais nada, não me importo”.

Os comportamentos das pessoas que tem esses pensamentos acabam sendo o de não se esforçar, tornar-se um sarcástico, passar a só reclamar, entrar em discussões com esse chefe ou recuar, guardar tudo para si e não dizer nada.

A solução é o pensamento realista. Eis alguns exemplos de pensamentos em termos de preferências realistas: “Gostaria que meu chefe apreciasse meus esforços, mas isso não significa que ele tenha que fazer. Preferiria que ele dissesse algo de positivo às vezes, gostaria que ele respeitasse meu trabalho e demonstrasse isso. Se ele não melhorar vai ser uma pena. Estou muito preocupado e comprometo.me a fazer o melhor possível a respeito, inclusive falar com ele sem parece alguém que só reclama”.

Os comportamentos que podem vir de quem pensa dessa forma são muito mais adaptados. A pessoa mantém o seu orgulho, o seu empenho, pode desenvolver um sistema de apoio onde os colegas de trabalho possam reconhecer-se uns aos outros. Quer o chefe melhore ou não, você vai ter lidado bem com a situação e não vai permitir que ele o tire do sério. Ou seja, você está sendo dono dos seus sentimentos, não está sendo refém dos outros.

Isto é muito importante: não ser refém dos outros. Você percebe a enorme diferença que aparece tanto na forma como você sente, como na forma que você se comporta e se dá conta que tudo isso depende da forma como você pensa.

Se você entende porque eu digo que o que te tira do sério não são os outros ou as coisas que te acontecem - que o que te tira do sério é você mesmo -, então você pode se autogerenciar e trabalhar essa cabeça para que ela funcione a seu favor e não contra você. Conte com seu psicólogo para trilhar este caminho de forma mais rápida e eficiente.

2 comentários:

  1. Muito bom texto.
    Lembrei-me de uma data de situações.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  2. obrigado tixa...se puder partilhe com os seus amigos...

    um beijinho

    ResponderEliminar

Ha razao para ir ao psicólogo? Escreva-me e exponha o que sente, o que o perturba, o que precisa de esclarecer na sua cabeça....