Se entrou aqui é porque provavelmente coloca a si mesmo a hipotese de recorrer à ajuda de um psicólogo. Hoje em dia, procurar ajuda psicológica especializada acaba por fazer parte do quotidiano de muitas pessoas, pelo que é perfeitamente natural que em algumas fases da sua vida, crítica ou não, necessite de recorrer a um psicólogo. Não é vergonha alguma dizer que se anda num psicólogo, porque muitas vezes as potencialidades de nos sentirmos bem estão dentro de nós, nós é que não as vislumbramos.........



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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Intimidade sexual no casamento: Reflexão

Muitas pessoas pensam que basta estarem casadas para que a intimidade sexual seja completa e franca. Depois de alguns meses ou anos de casamento, percebem que não é bem assim.

Aquilo que parecia ser fácil e que poderia vir com naturalidade, de repente, estancou e não houve mais progresso. Já algum dia pensou nesta questão? Faz sentido?



A espontaneidade de falar sobre determinados pontos dessa intimidade torna-se difícil ao final de algum tempo para alguns casais.Devemos pensar, no entanto, que da mesma maneira que desenvolvemos uma certa intimidade nas amizades e relacionamentos, também o fazemos na área sexual. Ou seja, a conversa, as confidências e o toque são fundamentais. Mas, uma das maiores dificuldades é a abordagem do assunto, a intimidade sexual.



Como e quando começar essa abordagem? Um dos momentos mais propícios é naturalmente nos minutos que precedem a relação (no momento do toque, quando cada um pode dizer ou indicar as áreas que mais lhe excitam; que mais lhe dão prazer).

Muitos maridos desconhecem as áreas erógenas da mulher, tendo apenas um conhecimento geral do assunto. No entanto, sabemos que cada mulher é diferente. Algumas, na própria relação, sentem-se mais à vontade assumindo determinadas posições que outras. Adivinhar não faz parte da habilidade do parceiro. É necessário conversar sobre isso. Percebo que uma grande dificuldade também vem da educação de algumas mulheres. Algumas receberam uma orientação sexual rígida, distorcida, e muitas desconhecem a anatomia do próprio corpo, o que dificulta tremendamente a conquista plena do prazer.


Na grande virada do movimento feminista, quando foi de certa forma visto como "normal" que o orgasmo não era só um privilégio dos homens, as mulheres automaticamente impuseram-se ter orgasmos a cada relação. Muitas porém não o conseguiam e isso tornava-as insatisfeitas ou pior, imaginavam que havia algo de errado com elas. Os maridos, por sua vez, sentiam-se culpados por não saberem levá-las sempre ao orgasmo. Mais tarde, em pesquisas, descobriu-se que não é normal em toda a relação sexual que a mulher atinge o orgasmo (pelo menos isso acontece com a grande maioria).


Portanto, três pontos são importantes para desenvolver essa intimidade:

a) conhecimento do próprio corpo, b) conhecimento sobre sexualidade e c) diálogo.

Lembro-me de duas pacientes minhas na faixa dos seus vinte anos, universitárias, onde o problema estava justamente num dos pontos acima referenciados. Ambas solteiras, a primeira confundia a função do clitóris com a da uretra e desconhecia que a grande maioria das mulheres atinge orgasmo através da manipulação clitoriana. A segunda perguntou-me se, na noite do casamento, teria de ficar de camisola e toda coberta na relação sexual. Novamente a rígida educação sexual vinda e transmitida pelaa família, igreja etc.

Percebo o quanto de desconhecimento ainda existe mesmo com as inúmeras palestras, revistas e estudos sobre sexualidade. Em algumas igrejas, o assunto ainda é tabu.  e pergunto-me a mim mesma sobre o porque? A vergonha do próprio corpo e da nudez frente ao parceiro é mais comum do que se imagina ainda que muitos tabús já sejam hoje ultrapassados e debatidos.


Outra dificuldade está quando o marido aprecia determinadas carícias ou posições e a esposa não — este é um momento perigoso. Deixar de viver um desejo, licitamente permitido, e não poder fazê-lo porque a esposa se sente constrangida ou com vergonha, com certeza leva o marido à frustração. A chave seria cada um ceder, pelo menos um pouco, a favor do outro. Perceber que o outro se sente satisfeito e completo quando me aventuro a ceder significa que a relação também poderá ser satisfatória, porque nesse momento somos um só. “Uma só carne”, na liguagem bíblica. “Um só” – significa, também, que o prazer do outro também é o meu prazer. Mas, para isso, preciso ceder. Se for possível para mim fazê-lo em determinados pontos, sei que o meu parceiro também poderá ceder um pouco a meu favor. Estaremos assim no meio do caminho, sem o perigo das frustrações.


Alguns pontos bem mais sérios impedem que a relação sexual seja totalmente satisfatória. Lembro-me de uma paciente que ao se casar descobriu que tinha frigidez sexual e, portanto, não gostava e não sentia prazer na relação sexual, passando a evitá-la sistematicamente. Enquanto estava em tratamento médico, o que deveria surtir um resultado a longo prazo, percebeu que a insatisfação por parte do marido e seu mau humor acentuavam-se a cada dia. O seu descontentamento não se limitava mais somente à relação em si, mas estendia-se também ao trabalho, à casa,  à família e a outros pontos. Era evidente a raiz do problema. Decidiu contar-lhe o que se passava e como não lhe era doloroso ter relações, resolveu ceder algumas vezes. O marido caminhou também e realizou a sua parte, não lhe pressionando sistematicamente como fazia antes, e assim, os dois conseguiram ir até o meio do caminho. Ela teve filhos, podendo preencher o lado maternal, que obviamente era igual ao de todas as mães. A satisfação do marido pôde ser recuperada nas outras áreas, pois a raiz do problema tinha sido parcialmente solucionada.O prazer completo na relação ela continuava a não ter, mas tinha prazer no relacionamento afectivo com seu marido. Creio que o importante, neste caso, foi a resolução da esposa em admitir contar ao marido o que se passava com ela. Esconder ou “fazer de conta” seria o pior para ambos. Novamente, o diálogo aqui foi fundamental.



Discutir, ler e conhecer mais sobre o assunto é a única maneira de se conseguir desenvolver essa intimidade e conhecer mais sobre as dificuldades e desejos do parceiro. Isso faz com que cada um se sinta mais à vontade e com menos constrangimento para poder se chegar no passo seguinte: colocar em prática o que foi conversado.




Fonte: Artigo publicado originalmente em Casal Feliz (Ano IX – No. 33)

domingo, 16 de outubro de 2011

Traição, perdoar ou não??

Perdoar uma traição não é uma das coisas mais fáceis de fazer...

É preciso gostar muito e acreditar que vale a pena investir numa relação para que esse processo aconteça de verdade. Sim, é um processo e exige muita paciência da parte do "traidor", assim como um enorme investimento de energia de ambos. O traído muitas ddas vezes não consegue voltar a confiar...

Em primeiro lugar, temos que saber o motivo da traição, o que fez com que o cônjuge procurasse ou simplesmente se envolvesse com outra pessoa mesmo estando comprometido. Muitos podem ser os motivos, mas nem por isso estou justificando o facto.

Geralmente, o relacionamento vem se desgastando há algum tempo e ambos os elementos da relação não se dão conta disso, estão acomodados a uma rotina e convivência diária. Não percebem que, no fundo, o sentimento que têm um pelo outro está desgastado, enfraquecido, e não o alimentam. A vida sexual já não é como antes, a vida corrida e atribulada do dia-a-dia faz com que o casal quase não tenha tempo para si, distanciando-se cada vez mais; deixando de lado os momentos românticos e atitudes de afecto que um dia foram importantes na conquista de um pelo outro. No fundo há um desinvestimento do outro. As pessoas esquecem-se de quem está ao seu lado e começam a viver unicamente a corrida do dia a dia: casa. trabalho, escola, filhos trabalho....

De repente alguém novo aparece, elogiando como você está vestida/o, reparando que cortou o cabelo, valorizando atitudes pequenas, interessado/a na sua vida,  com uma conversa envolvente que flui, sem reparar em nas suas manias e/ou defeitos. Difícil resistir, certo? Pois é aí que entra a nossa consciência com o "superego" dizendo: "Não faças isso, tu é casada (o)!", ou o "id" contrapondo: "Vá em frente, o que você tem a perder?". Podemos nos sentir atraídos por outras pessoas fora do casamento, mas temos a opção de nos deixar levar ou não por esse desejo, muitas vezes quase irresistível.

Bem, você caiu em tentação. Dá pra perdoar? Tudo depende...

Já presenciei várias histórias de casais que se aproximaram como nunca após um episódio de traição. Isso é possível quando, após a descoberta do facto, ambos se propõem a discutir profundamente sobre tudo que não está bem na relação, através de uma terapia de casal. Este é um processo extremamente importante para que as pessoas consigam ultrapassar as suas fragilidades. Neste processo de terapia,  geralmente os elementos do casal comprometem-se a mudar, recomeçando o casamento. Sim, é um recomeço e requer muito trabalho até o traído voltar a sentir confiança em quem o traiu. E sim, é um processo muito complicado para a pessoa que foi traida. As desconfianças, as inseguranças, os medos fazem parte do dia a dia do casal. O traidor por muito que peça desculpa e dizer "já não se passa nada", é muito complicado alguém voltar a confiar....

Um dos maiores problemas enfrentados pelos casais em crise é a falta de diálogo, o acumular de situações desagradáveis para ambos que não podem ser expressas pelo medo da reacção do parceiro. O medo de magoar ou causar uma discussão indesejável acaba instalando o silêncio, que com o tempo só prejudica o casal. Não se fala do que não está bom, acumulam-se insatisfações e frustrações, o que pode dar margem à vontade de estar com alguém que não o frustre tanto. Entender os motivos que levaram uma pessoa a trair provocará uma auto-avaliação de cada um na relação, e fará com que ambos assumam sua responsabilidade na manutenção do amor. É preciso alimentá-lo sempre!

Só cabe o perdão onde ainda existe amor e o arrependimento sincero de quem traiu. É possível reconstruir uma relação pautada em novos moldes de funcionamento, e em especial, num diálogo franco e atitudes transparentes.

Quem disse que é fácil manter um casamento feliz sem momentos de crise? O importante é saber superá-las e tirar o maior proveito para nosso crescimento....