Se entrou aqui é porque provavelmente coloca a si mesmo a hipotese de recorrer à ajuda de um psicólogo. Hoje em dia, procurar ajuda psicológica especializada acaba por fazer parte do quotidiano de muitas pessoas, pelo que é perfeitamente natural que em algumas fases da sua vida, crítica ou não, necessite de recorrer a um psicólogo. Não é vergonha alguma dizer que se anda num psicólogo, porque muitas vezes as potencialidades de nos sentirmos bem estão dentro de nós, nós é que não as vislumbramos.........



segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

2012: combater a sensação de incapacidade e desesperança- parte I

Pois é, estamos a caminho de 2012 e nos meios de comunicação social apenas se veincula uma mensagem: desespero, falta de motivação, CRISE. Todos nós conhecemos os estados “cinzentos”, esses períodos de dúvida, indecisão, melancolia e desesperança. Todos nós acreditamos que o próximo ano será tão horrivel, que não vamos conseguir fazer face ao que ai vem, crença reforçada por tudo aquilo que ouivmos na televisão, lemos nos jornais, na internet, nas pessoas que não falam de outra coisa...é assim que se sente? Miserável? Sem saida? triste?


Demasiado miserabilismo, melancolia, desgosto pode fazer mal. Quando a desesperança se instala, desenvolve uma vida própria que já pouca ou nenhuma relação tem com as causas iniciais. Chegamos a um estado em que simplesmente se instalou o hábito de estarmos tristes. Ficamos com dificuldade em gerir as nossas emoções, estas deixam de nos servir, pela persistência no tempo, e viram-se contra nós. Tem então inicio a espiral descendente dos estados deprimidos e incapacitantes. Sentimentos negativos, irracionais e inadequados provocam pensamentos desesperados, que acabam por exacerbar ainda mais o estado de abatimento em que nos encontramos.


Ao sentirmo-nos sem forças para mudar o rumo à nossa vida, acreditamos que nada poderá mudar para melhor. É assim que os estados deprimidos conduzem de uma forma perversa, uma situação em que o nosso desalento nos parece mais que justificado. Sem dúvida alguma que quem cair neste círculo vicioso não pode ser feliz. A depressão é a antítese da felicidade.

Nas suas formas mais profundas a depressão é uma desordem de humor que requer tratamento especializado. Por isso, quem, ao longo de um período de mais de quatro semanas, se sentiu, durante a maior parte do tempo, sem valor e sem vontade de fazer nada, se sofre de cansaço constante, insónias ou até talvez tenha pensado repetidamente sobre a própria morte, deveria o mais breve possível conversar com um psicólogo sobre o assunto. Estes estado de abatimento diário não são só incomodativos, como também acabam por tornar-se em autênticos inibidores do prazer e da alegria de viver.


DESAMPARO APRENDIDO

 Para conseguirmos actuar contra os sentimentos e pensamentos negativos temos de perceber de onde eles vêm. Atualmente e de acordo com a abordagem da psicologia positiva, parte-se do princípio de que um estado de abatimento duradouro advém da experiência de uma situação desagradável e incapacitante para a qual e apesar de a pessoa se ter esforçado, não foi encontrada uma solução satisfatória. A pessoa aprendeu que independentemente dos seus esforços para combater a situação todas as suas acções obtém o mesmo resultado negativo, estamos a falar do “desamparo aprendido”.

E é assim que hoje os portugueses andam a viver: por muitos sacrificios que façam, a crise não vai melhorar, vamos perder cada vez mais o poder de compra, vamos perder os nossos beneficios, vamos perder regalias, não vamos conseguir viver...não estaremos todos a resignarmos a esta situação? E o que podemos fazer para mudar?

 
A reter: O abatimento surge devido à resignação.



Através de experiências particularmente frustrantes ou traumáticas, uma pessoa poderia aprender que seus comportamentos são insuficientes ou inúteis para mudar ou controlar os fenómenos a que se vê exposto. Tal estado de desamparo levará a pessoa à desmotivação, passividade, falta de agressividade, deficiências sociais e sexuais e apatia geral.


Que Fazer?

Na realidade, a coragem e a vontade de viver dependem muito mais do modo como avaliamos uma situação do que da situação propriamente dita. São as nossas crenças que determinam o que sentimos e como vamos agir em determinada situação. É modificando estas crenças que podemos mudar o nosso estilo explicativo para um estilo mais optimista. Para isto, usamos o modelo, ABCDE:


■A – Adversidade. A situação a analisar.

■B - Crenças (Beliefs). Aquilo que pensamos acerca da situação pode não ser totalmente consciente.

■C –Consequências dessa crença. A forma como agimos ou como nos sentimos, consequência dos pensamentos. Os sentimentos dão-nos a pista para descobrir o que pensamos.

■D - Disputar a crença que já faz parte da rotina. A parte mais importante do modelo: questionar as crenças que mantemos inconscientemente.

■E - Energia que ocorre quando se disputa com sucesso. Sentimento de bem-estar que se sucede após percebermos que não somos obrigados a ver as coisas da mesma forma negativa como antigamente.


Solução: A parte mais importante deste modelo é a da disputa, que nos permite distanciar das nossas explicações pessimistas para as podermos analisar. Esta deve ser feita como se estivéssemos a disputar as afirmações de outra pessoa que nos quisesse ver infelizes. Devem-se procurar objectivamente as provas que apoiem essa explicação pessimista e, caso os encontremos, questionar a utilidade de manter essa crença e quais as consequências de o fazermos.





COMO A DESGRAÇA SE AUTOMATIZA


Umas quantas frases lidas pode mudar o nosso estado de espírito, mas o inverso é igualmente verdade. O estado de espírito também influencia aquilo que percepcionamos. A percepção e a emoção são permeáveis nos dois sentidos. Quando estamos abatidos temos uma grande propensão para repararmos em frases, situações ou acontecimentos compatíveis com o nosso estado. Ao ler o jornal repara-se em frases do género “o futuro é negro”, repara-se mais nas profecias pessimistas do género “não conseguiremos sair da crise”, estamos mais susceptíveis a ler as notícias de desgraças e pessoas sem sucesso.

Esta tendência para a confirmação pessimista do estado deprimido, tem uma razão de ser, o nosso lobo frontal, é uma parte do cérebro responsável pelas nossas memórias e também responsável pelas emoções, ao estabelecer ligações entre os dois canais de informação (memórias e emoções) gera-se uma tendência que todos nós temos para recuperar recordações tristes quando nos sentimos desanimados e deprimidos. É como se víssemos o mundo através de uns “óculos escuros”, a tendência do cérebro é manter esse estado de espírito negativo, é fá-lo escolhendo os estímulos que condizem com a situação emocional vivida. Pensamentos obscuros, experiências negativas, acontecimentos traumáticos, fracassos e recordações amargas adquirem primazia, ocupando a nossa consciência e atenção.


Desta forma, como já só vemos desgraças em todo o lado, o organismo reage de forma coerente. Os pensamentos negativos, passam a ter quase a totalidade da atenção de processamento do cérebro. O nosso cérebro é capaz de se aperceber de uma ameaça real, mas igualmente de uma imaginada, dando-lhe a mesma importância. Imaginamos até ao mais ínfimo pormenor aquilo que poderá vir a acontecer e preocupamo-nos com aspectos e acontecimentos altamente improváveis. O facto de pensarmos neles, gera mal-estar. isto mostra-nos até que ponto o fluir dos pensamentos e fantasia influenciam o nosso estado de espírito. Muitas vezes é a capacidade que temos para imaginar a infelicidade que nos torna infelizes.

Tente não lhes dar grande importância....



Então o que podemos fazer para combater a sensação de incapacidade e desesperança?


TRANSFORME O PENSAMENTO OU O SENTIMENTO EM ACÇÃO


Uma forma eficiente de mudar a visão de um problema é simplesmente mudar aquilo a que se está a dar atenção. Em vez de se concentrar na sua vida interior entre em acção. Em vez de se centrar em colocar a si mesmo questões complicadas, como por exemplo, “porque estou com este problema?”, “o que há de errado comigo?”, “o que fiz eu para merecer isto?”, sugiro que faça perguntas que sejam variações destas: “porque razão continuo a fazer, pensar e a prestar atenção ao que me coloca em baixo e que não é útil, que outras coisas poderia pensar, ou focar para alterar a situação em que me encontro?”

Recomendo-lhe que faça perguntas iniciadas por: com?, ou o quê? Por exemplo, em vez de se questionar porque só me acontecem a mim estas coisas desagradáveis e incapacitantes?, ou porque fracassam sempre as minhas relações amorosas?, faça perguntas mais produtivas, como o que posso fazer para alterar a situação? ou, como devo agir para que as minhas relações no futuro possam ser melhor conseguidas?


ALTERNATIVAS PARA ESCAPAR À INFELICIDADE


Nós sentimo-nos desmotivados e deprimidos quando o cérebro carece de actividade. Esta é a razão pela qual a natural reacção à infelicidade não ajuda: quem se desmobiliza acaba por tornar tudo ainda pior, pois o cérebro vê-se privado dos estímulos que lhe permitem retornar à actividade. A falta de vontade para enfrentar as mais pequenas tarefas do dia-a-dia, a paralisação dos sentimentos e do raciocínio vão crescendo.


A reter: A inactividade não é uma receita aconselhável contra o abatimento.

Podemos enfrentar estes estados de desânimo na nossa vida através de uma dupla estratégia:
■Esforçar-se para manter as pequenas tarefas e actividades do dia-a-dia, principalmente as mais subtis, vestir-se adequadamente, fazer a cama, alimentar-se, sair com os amigos, ir ao cinema, passear, lavar o carro, ir às compras.

■Controlar e dirigir os próprios pensamentos e sentimentos, de forma a que a ruminação e a sensação de tristeza profunda não se torne um hábito.



ESCAPAR AO DESÂNIMO

Sabe-se hoje que a actividade física promove as sensações e sentimentos positivos. A actividade física é um importante aliado do tratamento antidepressivo devido ao seu baixo custo e sua característica preventiva de patologias que podem levar uma pessoa a situações de stress e depressão. Os estudos que relacionam a actividade física à depressão têm verificado que as pessoas que praticam actividade física de forma regular reduzem significativamente os sintomas depressivos. Para além dos benefícios da libertação de endorfinas (“químicos do bem-estar”) no organismo, a prática esportiva permite ainda que a pessoa volte a sua atenção para as boas sensações que o corpo lhe transmite. É restabelecida a ligação às sensações corporais, permitindo desta forma um processamento de estímulos de bem-estar, devolvendo à pessoa o ânimo esquecido. Só o facto de estarmos conscientes de que conseguimos realizar algo para o nosso bem, e contra a resistência do comodismo, ajuda a afastar os estados deprimidos e melancólicos.


Algumas formas complementares para ajudar a gerir as emoções e ter controlo na sua vida, têm a ver com duas actividades “naturais” e ambas restauradoras das nossas energias: O relaxamento e o sono. E uma outra, mas pela negativa, causadora de tensão, frustração e sobrecarga: o Stress. As duas primeiras são armas que podemos e devemos utilizar para nos restabelecermos e melhor controlar os nossos estados de ânimo. Acontece, que perante as situações negativas da nossa vida e consequentes situações de incapacidade e desesperança, estes dois requisitos são tremendamente afetados pelo terceiro (o stress), prejudicando-nos ainda mais a clareza de pensamento e motivação. Desta forma, se está numa situação negativa da sua vida, com pensamentos derrotistas, de incapacidade e desânimo, pondere praticar algumas  técnicas simples de combate ao stress, relaxamento e melhorar os estados de insónia.

SOU CAPAZ DE ME AJUDAR

Acredito que numa situação em que tudo nos corre bem, em que estamos a ser produtivos no trabalho, as nossas relações desenvolvem-se de forma saudável, andamos animados e com boas perspectivas de futuro, possamos não ter necessidade de nos preocuparmos ou ocuparmos com algumas das actividades atrás referidas. No entanto quando a situação é inversa, devemos fazer o esforço de nos voltarmos para nós mesmo e dizer: ” Sou capaz de me ajudar”. Sim você é capaz de se ajudar a si mesmo, mas para isso é necessário mudar a perspetiva negativa que criou de si, do mundo e dos outros. É necessário alterar a perspetiva de vítima, para uma perspetiva de produtor, de actor, de protagonista da sua vida. É você que pode escrever diariamente o guião da sua vida, com uma grande vantagem, se ao produzir e executar esse guião (falas, comportamentos e sentimentos) não estiver como pretendido, pode sempre ter a possibilidade de reescrever novamente o guião, antevendo e imaginado o que quer dizer, fazer ou sentir e que estratégias vai utilizar para se assegurar que irá acontecer como deseja. Você tem a possibilidade de se ajudar a si mesmo.

Como já verificámos, o abatimento e a desmotivação, apesar de terem relação com os acontecimentos da nossa vida, estabelecem igualmente relação com a forma como interpretamos as coisas para nós mesmos, e o que fazemos para resolver os nossos problemas.. A estratégia a utilizar é desafiando esses mesmos pensamentos e implementar pequenas actividade com base no que você estabeleceu no seu guião de vida. Em seguida produza o seu próprio filme da “felicidade”. Não se iluda, você pode escolher aquilo que pretende sentir e o que deve fazer para lá chegar. Coloque-se no papel de produtor da sua vida e promova sensações de bem-estar e de capacidade.















Sem comentários:

Enviar um comentário

Ha razao para ir ao psicólogo? Escreva-me e exponha o que sente, o que o perturba, o que precisa de esclarecer na sua cabeça....